História da Prefeitura

No que tange à evolução administrativa do Município de Muqui, sabe-se que em 7 de novembro de 1890 a Freguesia de São João do Muquy foi desmembrada do Município de Cachoeiro de Itapemirim e anexada a São Pedro de Alcântara de Itabapoana. Porém logo em seguida foi assinado o Decreto 53/1890 de 11 de novembro de 1890, anexando Muqui a Calçado. Sete anos mais tarde, no dia 15 de dezembro de 1897, foi encaminhado ao Presidente do Estado do Espírito Santo um oficio acompanhado de um abaixo-assinado contendo 72 assinaturas, reivindicado por Cachoeiro de Itapemirim, resultando em 1911 na devolução do Distrito de São João do Muquy à divisão administrativa estadual de Cachoeiro de Itapemirim.

Mediante a Lei Estadual No.826 de 22 de outubro de 1912, com a emancipação política do Município, em 1º. de novembro de 1912, foi instalado solenemente o Município de São João de Muquy. Nesta data Muqui foi elevada à categoria de vila, com território desmembrado de Cachoeiro de Itapemirim. Essa mesma lei confirmou a criação do Distrito sede do novo município, cuja instalação se verificou a 1º. de novembro de 1912.

Assinaram a ata seus Interventores, Targino Neves e Archimimo Martins de Mattos (farmacêutico e inspetor escolar) e mais 39 pessoas presentes. Na cerimônia, o Sr. Argemiro Macedo foi o Secretário. Pelos Decretos I e II, o Sr. Argemiro acumulou as funções de Secretário do Governo, Recebedor e Tesoureiro, e o Sr. Accácio de Almeida Ramos, as de fiscal. Foram promulgados o Código de Posturas Municipais e o Regimento Interno. O Brasão de Armas de 1912 e a Bandeira do Município firmaram-se como símbolos da cidade.

Em 15 de novembro de 1912 foram realizadas as primeiras eleições para os cargos de Governador Municipal (Prefeito) e de Juízes Distritais. O Sr. Geraldo Vianna como Vereador mais votado foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal e primeiro Delegado de Polícia. Os primeiros vereadores eleitos foram Mathurino Evangelista de Carvalho, Fortunato José Ribeiro, Zehi Simão e Luiz Siano. Foi instalada a Coletoria Estadual sob a responsabilidade de Edmundo Nascimento. A 30 de novembro de 1912, foi oficialmente instalado o Município de São João do Muquy tomando posse o novo Governo.

Em janeiro foram realizadas eleições para Deputados Estaduais. O resultado seguiu por telegrama da Capital. A chapa vencedora foi a do  P. R. C. (Partido Republicano Conservador), sendo que o candidato mais votado venceu com 7.569 votos e o menos votado com 6.397. Como canditado avulso, Geraldo Viana obteve 4.232 votos; João de Deus Rodrigues Neto, 3.683; Victorino Garcia, 3.626; Dr. José Ribeiro, 3.598; Monjardim, 851 e, o mais votado da oposição, Thiers Velloso, 285 votos, conforme edição No. 3 de o Muquyense, de 19 de janeiro de 1913.

Neste ano precisava-se de um imóvel para instalação do Paço Municipal, que Geraldo Viana adquiriu de Marcondes de Souza para sua moradia, no antigo leito do rio à antiga ponte à Av. Vieira Machado (próximo à Rua do Contorno vide Galeria de Fotos) conforme Registro de Notas, L 10 fl. 61, provavelmente cedido para as primeiras sessões da Câmara. Porém logo lê-se em atas publicadas em o “Muquyense” (a partir de 1913, ano de sua fundação) a necessidade de mudar o Paço da Câmara Municipal deste imóvel recém-adquirido para dependências maiores. A pequena posse foi então revendida a Amélia Ribeiro da Silva, levando-os a votar pela escolha de um novo local, a fim de que as sessões ocorressem em local mais apropriado. Geraldo Viana, representando a Municipalidade, repassou-o à interessada pelo exato preço de compra conforme sugerido em ata.

Luiz Siano votou contra o local escolhido, contudo venceu a aquisição da posse No. 56, com 528 m⊃2;, de Miguel Martins Ramalho também à praça principal, à Av. Vieira Machado, que recebeu Rs 1:000$000 pela transferência de aforamento (Registro de Notas, L 11 fl. 6). Ali existia apenas uma construção térrea (atual Bar Vitória) de propriedade de Carlos e Francisco Oazen, para os quais foram pagos Rs 6:000$000, construção esta que veio a receber o pavimento superior em alvenaria, sendo suas divisórias internas em madeira, além dos gradis de ferro do salão principal e as escadarias, formando o novo e elegante sobrado.

Em maio de 1913 o Sr. Francisco Fittipaldi assinou o contrato para construção do prédio do Governo Municipal para as obras de pedreiro e mais tarde, o empreiteiro Sr. José Raimundo Nonato. Ali funcionariam os cartórios, a coletoria, a delegacia de Polícia e o “Muquyense” tendo as respectivas entradas laterais independentes. No salão-nobre no andar superior funcionariam as sessões, o júri, reuniões, concertos, bailes e torneios de tênis de mesa, além de a biblioteca. Alguns meses depois em dezembro de 1913 houve grande festa quando da cobertura do prédio, com queima de fogos. A obra custou Rs 24:544$200.

Fundou-se o jornal “ Muquyense ” em janeiro de 1913, primeiro órgão republicano, semanal, sob a direção de Geraldo Viana com ajuda de vários colaboradores”, e seu primeiro tipógrafo, João Luiz de Souza, sendo que o escritório do Jornal mudou-se em 1914 para o térreo do novo prédio recém-construído da Câmara Municipal, enquanto a tipografia que adquirira as eficientes máquinas “Boston”, manteve-se na parte superior do prédio inaugural de propriedade de João Cúrcio & Fo. em outro endereço. A assinatura anual para a vila custava Rs 10$000 e para o interior Rs 12$000.

Em 1914, criou-se o Distrito de São Gabriel de Muquy, sob a lei estadual N°. 986/14 de 24 de dezembro de 1914, criando um Distrito judiciário no município de São João do Muquy e fixando suas divisas.

A iluminação pública e a inauguração do novo prédio da Câmara aconteceram em 10 e 12 de março de 1914 respectivamente, ao som da Lyra Apolo de Campos dos Goitacazes, ao cortarem a fita verde-amarela à porta principal do novo edifício do Paço Municipal, sob o som do Hino Nacional e intensa queima de fogos.

À inauguração do prédio da Câmara Municipal, ocorreu a primeira eleição para Prefeito, vencendo o candidato único, com 215 votos, apenas um voto em branco, o capitão Emílio Coelho da Rocha, dentista proeminente no vilarejo (que anunciava seus serviços no “Muquyense” desde sua fundação em 1913) na época também delegado de polícia do vilarejo.

Transferiu-se a inauguração dos quadros do Cel. Marcondes de Souza e de Bernardino Monteiro, o senador Federal, que teria lugar junto à inauguração do prédio da Câmara em março para maio de 1914, momento da posse do novo Prefeito.

Foi estabelecida a primeira Coletoria Federal de Muqui, sendo o Coletor, Sr. Custódio Leite Araújo e o 1º. Escrivão, Sr. João Vieira de Almeida. Funcionou então o primeiro Tribunal Popular, o Tribunal do Júri, cuja primeira sessão foi presidida por José Antônio Lopes Ribeiro, sendo os réus pronunciados pelo Art. 304 do Código Penal, Evaristo Rodrigues Sampaio e Benedicto Rodrigues Sampaio e o representante do Ministério Público, Dr. Eurico Paixão. Houve divisão em duas zonas eleitorais, uma no Paço da Câmara e outra na escola pública estadual feminina e depois na masculina.

A água da vila para uso da população ou advinha de poços naturais ou era recolhida do Ribeirão Muqui ou do Córrego Boa Esperança, onde anteriormente havia um açude poluído que ameaçava a saúde pública, que fora prontamente desobstruído por Geraldo Viana. A Câmara então pensou em desapropriar vários pequenos lavradores até o vilarejo para dali canalizar aquelas águas, mas resolveu-se por escolher a água de superior qualidade desviada da Fazenda Santa Rita, do Córrego D’ Água Fria a 6.200 m da vila, doação do então proprietário José Assad & Fo. sob escritura pública lavrada em 1913, seguindo os trilhos da ferrovia.

Joaquim Antônio Caiado, proprietário da Fazenda “Santa Clara”, pouco antes em 1913, havia oferecido ao Governo Municipal uma queda d’ água em sua propriedade para ali ser montada a usina elétrica para iluminar a vila juntamente ao terreno necessário para as instalações, acrescido da oferta de Rs 1:000$000 (um conto de réis) inclusive comprometendo-se a ser consumidor da própria energia gerada.

Porém foi contraído em 1914 um empréstimo de Rs 30:000$000 (trinta contos de réis) com emissão de apólices de Rs 500$000 cada uma (60) a juros de 12%, para a construção do reservatório de 60 mil litros e de caixas de captação que custaram Rs 50:000$000, para que nas 18 horas de maior consumo fornecesse 433.800 litros, na região do “Triângulo” (Entre Morros e Santa Rita) sendo que os 6 ½ alqueires custaram Rs 3:000$000, após término dos serviços de nivelamento.  O terreno para o reservatório foi doado por Cel. João Vieira da Fraga.

A cerimônia da abertura da água em setembro de 1914 foi coroada com oração e bênçãos e, em seguida, foi servido champanhe num artístico caramanchão de folhagens entrelaçadas a bandeiras em cujo centro estava montada a mesa ornamentada onde Marcondes de Souza e Geraldo Viana discursaram sobre os progressos da vila. Deu-se então a importante estréia da iluminação pública, resultante do trabalho da caldeira a vapor de força de 12 cavalos movidos pelo dínamo, ambos oferecidos pelo Governador Marcondes de Souza e montados juntamente ao reservatório de 60 mil litros.

Haviam sido encomendados canos de aço laminado sem costura, inquebráveis, da firma alemã Mannesman, transportados pelo navio “Bahia” que aportou em Vitória em 1914. Geraldo Viana foi o engenheiro da obra. Nesta época também houve concorrência pública para fornecimento de lenha para a usina.

Ao chegar o encanamento, as plataformas que apoiavam as 49 toneladas de canos foram conduzidas por uma locomotiva da Leopoldina Railway que ia parando de quando em quando para descarregar parte do material, pois as valas acompanhavam a linha férrea, sempre sob alegre queima de fogos e brindes com cerveja. Os canos eram revestidos de juta para proteger contra oxidação e efeitos eletrolíticos.

A disposição dos 30 postes não podia ser melhor, eram 42 lâmpadas de 32 velas, 2 de 50 e 2 de 200 velas compradas de Siano & Filho, por Rs 201$000, cujo brilho iluminando o casario foi aplaudido sob calorosa salva de palmas durante brindes com champanhe entre os governantes após fervorosos discursos. Em seguida à inauguração da água canalizada, houve grandes comemorações com queima de fogos e baile à noite no salão nobre da Câmara.

Os primeiros contratantes foram Silvio Canesso, Nazário e Elias Butteri, Gabriel Ciríaco Ribeiro até junho de 1917. Desta data em diante a própria Câmara por contrato de arrendamento com Gabriel Ciríaco Ribeiro, proprietário da empresa, viu-se diante de um serviço precário em razão do rápido desenvolvimento da vila. Em 1916 foi preciso testar as benfeitorias reveladas pelos contratantes quanto à iluminação pública, sendo os donos do equipamento, Gabriel Butteri & Filhos, e o mecânico, Octávio Danile.

Amaro Prado & Cia. receberam por dinamite, estopim e espoletas para arrebentar e abrir a Estrada de “Rio Claro” a quantia de Rs 78:600$000. Fortunato José Ribeiro Rs 150:000$000 por mudanças na Ponte do Sabiá. Foi construído um muro de arrimo margeando a Estrada de Ferro Leopoldina entre a Praça e a Estação, com 127 m⊃3; de pedras, 75 m de cano de ½ polegada com fios de chumbo e instalação elétrica em 3 postes. 75 metros corridos de moldura com 0,35m de altura por 0,30m, tanto quanto 36m de manilhas. A obra custou Rs 16:990$715.

Em 1916 a Câmara Municipal assinava o jornal “A Gazeta do Povo” e o partido político de projeção na época era o Partido Republicano Espírito Santense. A Lei No. 12 de 26 de junho de 1916 regulamentou o serviço permanente de Limpeza Pública da Vila de São João do Muquy. O lixo seria retirado por carrocinhas e cada um deveria entregar uma lata de lixo das 6:00h às 9:00h da manhã, diariamente.

Em 1917 José Vieira Martins recebeu Rs 60:000$000 pela ampliação de um retrato de Geraldo Viana.

Neste mesmo ano a Câmara Municipal adquiriu o mais moderno aparelho para matar formigas, que se emprestava aos agricultores interessados. Este aparelho constava de um utensílio de ferro batido, preso a um triplé, onde se colocava brasa acesa e sobre ela o veneno. O vasilhame era fechado com tampa para que o veneno evaporasse com o calor das brasas. Havia instalado na tampa um tubo estreito de borracha que conduzia o vapor tóxico para o olho do formigueiro. O usuário deveria virar uma manivela que fazia com que um tipo de ventoinha movimentasse o ar dirigindo o vapor do veneno, deslocando-o para seu objetivo. Vendia-se também no comércio local cianureto de potássio como poderoso veneno contra formigas. Devia ser diluído em solução de 30 ml, porque na forma de pó matava as galinhas que comiam as formigas contaminadas. Também era vendido no comércio o Formicida Merino.

Em setembro de 1918, mediante a necessidade de maior e melhor fornecimento de energia para a vila, foi inaugurada a Usina da Cascata, propriedade do Cel. José Lopes de Oliveira, sendo que a comitiva seguiu a cavalo ao Alegre. Três quilômetros distanciavam o Alegre de Mimoso do Sul quando inauguraram a Usina Aparecida sob calorosa queima de fogos.

Fundou-se então a Companhia de Eletricidade Muquy do Sul na Fazenda Aparecida. Ali funcionava a poderosa turbina sueca Pelton de 225 cavalos conjugada com gerador e excitador de 160 cavalos, que passou a alimentar três cidades do sul do estado. A turbina movia-se a 900 rotações por minuto, dotada por tubos de sucção, válvulas e governador automático. O gerador era de 120 kilowatts, 240 volts, 60 ciclos, 900 RPM, montado com reostato, chave automática a óleo em um quadro completo de 1 voltímetro e 2 amperes, um pararraio “Allumencells” de 6.600 volts trifásico.
A comitiva dirigiu-se então a Muqui, onde foi hasteado o Pavilhão Nacional sob intensa queima de fogos e brindes com champanhe. O Governador Dr. Bernardino de Souza Monteiro e os soldados do Tiro de Guerra 419 perfilaram-se frente ao prédio da Câmara onde seguiram as festividades. À noite o menu do Hotel Muquy apresentou Sopa de Ervilhas; Robalo à marinheira; Empadinha de Camarão; Costeletas de Cordeiro; Aspargos ao molho de manteiga; Peru à brasileira; Fiambre d’ York; Sobremesas e Vinhos: Sauternes, Pomares, Porto e Champanhe.

Em fins de 1920 foi estabelecida a Companhia Telefônica dando início ao Serviço Telefônico aproveitando-se os postes da rede elétrica, inicialmente entre Muqui e Mimoso, sendo a primeira fazenda beneficiada com este serviço a Fazenda “Monte Alegre”, de Rambalducci & Irmãos, mais tarde a Fazenda “Bom Destino”, a “Várzea Alegre”, a “Santa Rita” e a “Palmital”.

A linha de transporte de energia com a extensão de 10.995 m era feita em 124 postes de madeira de lei em forma de cruzetas e transportava energia com 6.600V e a linha telefônica, com dois aparelhos Kelloggs (vide galeria de fotos), um na estação e outro na sub-estação.

As plantas foram executadas pela General Electric sob o comando do Engenheiro Dr. Henrique Novaes. A altura da queda d’ água era de 18,65 m e a primeira parcela custou aos cofres públicos a quantia de Rs 73:300$000 (“Muquyense” Ed. No. 297). A partir daí encontram-se anúncios em o “Muquyense” colocando à venda o obsoleto motor a vapor de 12 cavalos e o dínamo.

Em agosto de 1920 encontram-se também registros do restaurante “Paris” na vila, onde Geraldo Viana foi recebido em visita a Muqui por personalidades locais, cujo menu foi Robalo à Nestor Gomes; Talharim à Luiz Siano; Lombo de porco à Imprensa; Filé à Bernardino Monteiro; Omelete à Geraldo Viana. Vinhos: Collares (branco e tinto), cervejas, águas minerais. Sobremesas: Pêssegos à Lessa Vieira; Goiabada à Theophilo Ferraz; Pudding à Júlio Nogueira.

Também em 1920, existe nos registros da Prefeitura um pedido de licença para instalação de uma machambomba. Se um armazém por ex. estivesse construído na beira de um barranco a uns metros do rio ou do solo para carga e descarga eles usavam um sistema de machambomba, tracionada por uma mula, era um sistema de trilhos por onde transitavam dois carros, enquanto um subia o outro descia, eram presos a um cabo de aço, de maneira que a mula movimentava uma roda puxando um lado do cabo e afrouxando o outro.

Em 1922 o Dep. Federal Geraldo Vianna conseguiu por projeto-lei enviar Rs 200:000$000 (duzentos contos de réis) para ajudar na construção do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. O monumento foi proposto em 1921 pelo Círculo Católico do Rio de Janeiro em comemoração ao centenário da independência do Brasil.

O bispo D. Sebastião Leme coordenou uma comissão para arrecadar fundos junto à população. Em 1923, foi organizada a Semana do Monumento e no país inteiro as paróquias arrecadaram doações para a construção. O custo da obra foi de Rs 2.500:000$000 (dois mil e quinhentos contos de réis) hoje aproximadamente R$ 6 milhões de reais. Muqui participou com doações ajudar na construção do Cristo e em 1922 o Dep. Federal Geraldo Vianna conseguiu com um projeto-lei enviar Rs 200:000$000 (duzentos contos de réis).

Em 1923, a Vila São João de Muquy foi elevada à categoria de cidade pelo então Presidente do Estado, o Governador Nestor Gomes. No evento, foram distribuídos 214 kg de carne bovina aos pobres. Ouviram-se 21 tiros de dinamite. A Banda Sociedade Euterpe desfilava tocando dobrados alegres pelas ruas da cidade, até que todos se encontraram em frente ao prédio da Câmara onde foi hasteado o pavilhão nacional sob a cadência do hino nacional. Houve estrondosa salva de dinamites e foguetes.

O desembarque das autoridades na “gare” (estação) foi acompanhado por políticos e fazendeiros eminentes, sendo que todos seguiram para o palacete de Geraldo Viana para as comemorações. À noite foi servido delicioso serviço de bufê coroado com baile que terminou altas horas da madrugada.

Em 1923 projetou-se a primeira grande reforma do Jardim Municipal. O calçamento das ruas e do Jardim Municipal custou cerca de Rs 169.000$000. Em 18 de março de 1923 a fita inaugural do calçamento foi cortada pela comitiva do prefeito bem em frente ao Palacete Bighi quando ainda no local existiam duas casas geminadas primitivas (vide Galeria de Fotos), antes de serem demolidas para dar lugar ao palacete que ficou pronto em 1928.

À inauguração do Jardim, o Padre José Bernardino lançou a bênção sobre a pedra fundamental do então previsto Grupo Escolar Nestor Gomes em homenagem ao governador de 1920 a 1924 (porém que em 1925 recebeu o nome de Grupo Escolar Marcondes de Souza, acompanhada pelo lançamento de uma porção de argamassa de cimento em uma tampa de granito que encerrava um exemplar de o “Muquyense” e outro da revista “A Primavera” e algumas moedas, evento solenemente aplaudido.

Chegou assim o serviço de água e esgotos com manilhas de cimento aramado de 12, 10 e 8 polegadas custando Rs 25.585$000, quando foi estabelecida uma taxa de 25% sobre o custo do calçamento. A primeira Cadeia Pública foi inaugurada em 1923 na propriedade de Ormindo Siano à Rua Coronel Marcondes, próximo ao atual Fórum, sendo que mudou para um local arrendado antes de passar definitivamente para a Rua do Quartel, onde a Cadeia encontra-se fixada até hoje. A obra da Cadeia Pública à Rua do Quartel teve lugar em 1931 e foi de responsabilidade de José Monti, na época Secretário de Obras da Prefeitura.

A Câmara e a Prefeitura funcionaram no atual “Bar Vitória” de 1914 a 1926, quando foi sancionada uma Lei que autorizou o Prefeito a vender o antigo prédio e a construir uma nova sede. Em 1926 a Prefeitura Municipal vendeu o segundo prédio da Câmara onde estavam desde 1913 para José Assad José. O antigo prédio da Câmara à Av. Vieira Machado foi comprado e transformado pelo Capitão José Assad em um refinado estabelecimento de diversões, o “Cine e Bar Vitória”, onde vestígios das elegantes instalações podem ainda ser reconhecidos no atual “Bar Vitória”.

O prédio da Câmara teve que ser vendido pela Municipalidade para resgate da dívida flutuante com o Governo estadual, evitando Rs 7:200$000 de juros. Mudaram-se então provisoriamente para as instalações de uma antiga escola, à Praça “João Pessoa”, antigo nome da praça do Jardim Público, paralela aos trilhos, de costas para o Jardim e de frente à atual “Sempre Viva” (localização comprovada por fotos) onde ficaram por 4 anos até 1930.

Dada a precária situação da antiga escolinha, o Interventor determinou a demolição da velha edificação aproveitando a reforma do Jardim Municipal. Desde 1931, uma concorrência pública havia tomado lugar para aterrar e formar o novo Jardim Público, em estilo “Versailles”, o que seria a sua segunda reforma, fazendo com que o Governo Municipal se deslocasse definitivamente para outro imóvel enquanto esperava a construção de sua tão almejada sede definitiva.

Saindo do prédio da escolinha, a Prefeitura mudou-se mais uma vez para o imóvel de Osório Ribeiro da Silva, ao lado da antiga casa do Dr. Mileto Rizzo, à rua lateral ao Jardim, ex-casa de Nenê Paiva, atual casa da família Maria José Ribeiro, casa da “Preta” (vide Galeria de Fotos, onde se vê o mastro à frente do imóvel). Assinou-se então um contrato de arrendamento por 4 anos, a Rs 4:000$000/ano, terminado em 1934 (Registro de Notas L 29 fl 96v). Nas dependências do mesmo sobrado passaram também a funcionar os Correios e o Telégrafo.

Não se tem notícias para onde a Prefeitura mudou-se ao fim deste último contrato, enquanto reformava o Hotel Glória cujas obras iniciaram-se em 1935, data da aquisição do imóvel, e encerraram-se em 1939, data em que para ali se mudaram definitivamente até a atualidade, mantendo inclusive após a reforma algumas portas do hotel primitivo.

Inclusive, desde os idos de 1900, neste mesmo local funcionou por décadas o primeiro e tradicional hotel da vila, o Hotel dos Viajantes, bem próximo à Estação, também conhecido como Hotel Serpa, mais tarde modernizado e transformado em Hotel Glória. “Tutu”, o contador de histórias da cidade, disse que na gestão de 1935 o Prefeito Avides Fraga revitalizou o Hotel Glória, afirmando querer mudar a “maquiagem” da cidade ao implantar ali o prédio onde até hoje funciona a Prefeitura, à Rua Satyro França, conhecida também como Rua do Meio.

Aurélio Rodrigues Alves foi por muitos anos o diretor-presidente da Cia. de Electricidade Muquy do Sul, atual Escelsa, sendo que no início da década de 1930 chegou a segundo maior acionista com um total de Rs 136:000$000. Porém o maior acionista tratava-se do Sr. Amador Pinheiro de Barros, com Rs 284:500$000, sendo Caetano Siano seu representante em Muqui. O gerente-geral da empresa foi Guilherme Manoel Cirillo que ali trabalhou por mais de 10 anos.

Em 1931, providenciou-se a última reforma do Jardim Municipal, para resultar no que se encontra hoje, aterrando uma área de 4.554 m2 por 0,90 m de altura, serviço contratado no valor de Rs 3:000$000 do empreiteiro Arthur Juncá Monteiro, além de o sistema de esgoto e das caixas para receber o aterro. Ali provavelmente jaz o antigo chafariz e seus sapos verdes de porcelana, sob a nova forma do jardim que hoje traz o estilo francês “Versailles”.

Em 1932, foi nomeado o Conselho Consultivo do município, com Albino Montes Baptista, Fernando Bastos e Caetano Siano. O município de São João do Muquy, cuja sede recebeu categoria de cidade por força da lei estadual N°. 1385, de 5 de julho de 1923, aparece nos quadros de apuração do recenseamento geral, realizado em 1º. de julho de 1933, publicado no “Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio”, com 2 distritos: São João do Muqui e São Gabriel do Muqui, observando-se o mesmo nos quadros datados de 31/12/1936 e 31/12/1937.

Em 1935 foi eleita Vereadora pelo P.S.D. (Partido Social Democrático) para a legislatura 1935/1939, a primeira representante feminina no Brasil em uma Câmara do Estado, Maria Felizarda de Paiva Monteiro (Da. Nenê Paiva),  além de ter ocupado o cargo de Presidente da Câmara Municipal em 1937, legislatura essa interrompida quando do golpe do Estado Novo, em 1937. Sua foto está na galeria do salão-nobre ao lado de outras eméritas personagens. Fazendo um parêntese, a história das mulheres na política capixaba começa com uma paulista, Dona Colatina, que veio para o Espírito Santo após o casamento, em 1882, com José de Melo Carvalho Muniz Freire, presidente do Estado por duas vezes, de 1892 a 1896 e de 1900 a 1904. No século seguinte, mais precisamente em 1929, a viúva Emiliana Emery Viana, natural de Guaçuí (sul do Estado), entusiasmada com a Revolução de 30, entrou para a história do Brasil ao se tornar a primeira mulher a conquistar o direito ao voto.

O Decreto Municipal Nº. 79/38 de Julho de 1938, delimita o perímetro urbano da cidade, bem como o da Vila de São Gabriel. De acordo com a divisão territorial do estado pelo decreto de lei Estadual Nº. 9.941, de 11 de Novembro de 1938, para vigorar em 1939 – 1943, o Município de São João de Muqui divide-se em dois distritos: o da sede e o de São Gabriel. Pelo disposto no Decreto-lei Estadual nº. 15.177, de 31 de Dezembro de 1943, que fixou a divisão territorial a vigorar no quinquênio 1944 – 1948, o Distrito e o Município de São João de Muqui passam a denominar-se Muqui, simplesmente, e foi transferido para o termo e comarca de Mimoso do Sul (Ex-João Pessoa). Na divisão judiciarioadministrativa do estado, vigente no quinquênio de 1944 – 1948, fixada pelo supramencionado Decreto-lei, Muqui apresenta-se constituído pelo distrito-sede e pelo distrito de Câmara (ex-São Gabriel). Nos quadros da divisão territorial datados de 31/12/1936 e 31/12/1937, no quadro anexo ao Decreto-lei estadual Nº. 9.222 de 31 de Março de 1938, bem como na divisão territorial judiciarioadministrativo do estado, em vigor no quinquênio 1939 – 1943, estabelecida pelo Decreto-lei Estadual Nº. 9.941, de 11 de Novembro de 1938, o município de São João de Muqui jurisdiciona-se ao termo e a comarca de Cachoeiro do Itapemirim. O brasão e a bandeira do município são oficialmente criados pelas leis municipais Nº. 064 e Nº. 065 de 15 de Julho de 1964 (Inventário da Oferta Turística do Município de Muqui, 2005).

Nesta década, o salão-nobre da Prefeitura no segundo andar, onde hoje funciona a Câmara Municipal, passou a ser usado para os bailes sociais da comunidade. Dr. Dirceu Cardoso, quando assumiu a Prefeitura de Muqui, uma vez que na cidade não havia local adequado para este tipo de comemorações, adaptou-o para que ali ocorressem conferências, apresentações teatrais ou mesmo pequenos festivais e, em 1948, criou o Centro Cívico Municipal (C.C.M.) que passou a utilizar o salão-nobre da Prefeitura como sua sede provisória, porém até 1960, ano em que a Diretoria da época conseguiu mudar o Centro Cívico para um prédio próprio - local onde permanece até os dias de hoje, frente ao Jardim Municipal.

Ali então passou a funcionar o Fórum Municipal até que se mudou para seu prédio próprio à Rua Marcondes de Souza, enquanto a Câmara dos Vereadores, o departamento da TV e Rádio Câmara e outros setores afins passaram a ocupar todas as dependências do segundo andar do prédio da Prefeitura. No salão-nobre acontecem as sessões da Câmara e eventos comunitários, que são televisionados.

No primeiro andar já funcionava o Posto Telefônico desde 1949, a Farmácia, o Centro de Atendimento Odontológico, a Biblioteca Pública (que hoje se encontra à Rua Luiz Carlos no antigo prédio da Companhia de Eletricidade Muqui do Sul), o Departamento Municipal de Educação, o Serviço de Alto-falantes e o Setor de Identificação. Hoje muitas destas seções não funcionam mais no local, tendo sido substituídas por outras.

A Câmara Municipal compunha-se por 13 vereadores, hoje por apenas 9. Em 1991, buscando aproximar-se mais da população passou a transmitir suas sessões plenárias ao vivo pelo SEMINC – Serviço Municipal de Informação e Cultura, o maior serviço de alto-falantes do Brasil. As sessões são igualmente televisionadas pela TV Câmara, demonstrando transparência e responsabilidade no exercício da democracia. Seus elementos são da mais alta competência político-administrativa, representando galhardamente seus eleitores e o Município.

Funciona também a Câmara Mirim, com a eleição de 9 vereadores-mirins que são captados nas escolas públicas e particulares e eleitos pelos alunos. As pedagogas e secretárias contam os votos. A primeira sessão é a de posse, na segunda, elege-se o presidente. A idade máxima para participar é de 15 anos. As sessões ocorrem uma vez por mês nas primeiras 4as. feiras transmitidas pela TV Câmara, onde projetos e denúncias através de ofícios para o Prefeito são apresentados. Os vereadores-mirins se esmeram com projetos para as estradas rurais, tratamento de água e saneamento da cidade. Helton Souza, vereador-mirim eleito com 68 votos em segundo lugar foi entrevistado a fim de apresentar a Câmara Mirim, que certamente é uma escola de cidadania.

Parabéns, Muqui por mais esta iniciativa!

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