História da Imigração em Muqui

Famílias de Imigrantes que se Instalaram em Muqui
 
Muqui é uma grande colônia de descendentes de italianos, concentra o maior número de descendentes da República de San Marino. Os primeiros imigrantes italianos chegaram entre 1888 e 1889.  Alguns sobrenomes destas famílias:

Aja   Bressani   Espósito   Albertini   Brochi   Esquincalha   Baldi   Brossi  Ferrari   Barbieri   Brum   Flui   Battisti  Budieste   Frentin  Battistoni   Caetano   Giorlani   Bettero   Cassachini   Girondi   Bevilacqua   Chioto   Giudicci   Bianco   Conteli   Bigli   Curcio   Guarino  Bigosi   Dante   Joaneli    Bonavigo   De Lorenzo   Lettieri    Livio    Pervona    Salucci    Luparelli   Pessini    Siano   Lupicini    Picalli  Magnaboschi   Poggian   Suman   Malon   Pongian   Sunian   Mariote    Porcari   Tâmara   Masteleti  Pôster  Tedoldi   Meloni  Rambalducci  Tuan   Mori   Reoli   Valli   Ricci   Vanini   Pastor   Richardelli   Ventura   Pavani   Ronato
 
Algumas Curiosidades

A Sra. Assunta Tâmara chegou da Itália, no vapor Assírio em 1889. Houve um problema no navio e os passageiros tiveram que baldear para o Bearme e, deste, para o Provence. Isso em alto-mar!
O Sr. José Bettero também conta que seu genitor, Augusto Bettero, saiu de Gênova, em 1889, a bordo do veleiro Las Palmas, e chegou à Barra do Itapemirim, durante grande agitação, em conseqüência da Proclamação da República.

Alguns fazendeiros eram monarquistas, outros, republicanos, e costumavam levar muitas armas (espingardas, trabucos, foices, facões, peixeiras etc) para serem distribuídas aos imigrantes a fim de aderirem ao movimento, que fugindo do anarquismo da Itália buscavam paz em solo brasileiro e, assustados, alheios à situação local, mal compreendiam ao que estavam sendo obrigados! ... Alguns recusavam receber essas armas e eram duramente castigados.

A colônia Italiana, em Muqui, deu ao Espírito Santo filhos ilustres, como, dentre outros, o poeta, médico e deputado estadual Mileto Rizzo, o ex-Prefeito Luiz Siano, o Jornalista Sebastião Tâmara, o Sr José Bettero, igualmente ex-Prefeito do município. Segundo o relato do Sr. José Bettero, Pedro Pavani, pirotécnico invulgar de Muqui na época, legou a profissão aos filhos e netos. Até as crianças trabalhavam com a pólvora, sem nenhum temor. Além disso, Pedro Pavani organizou uma fábrica de macarrão.

Domingos Amado com o tempo e muito trabalho tornou-se forte comerciante, além de proprietário de diversos imóveis. E, como representante de quatro casas atacadistas no Rio de Janeiro viajava, com tropa e canastras, levando amostras dos produtos pelo Norte e Sul do Espírito Santo. Capitalista, Domingos Amado possuía Apólices da Dívida Pública Federal e Ações das Estradas de Ferro e outras. Sabia empregar o dinheiro. E muito concorreu para o progresso do Sul do Estado.

Sua esposa e filhas faleceram numa epidemia de cólera no Rio de Janeiro. Desolado, liquidou os negócios e as casas no Itabapoana. Encerrou as viagens comerciais, vendeu os prédios e transferiu-se para São João do Muqui. Quando voltou de uma viagem à Itália, apegou-se ao sobrinho Vicente, adquiriu a grande fazenda Santa Glória, colonizada por italianos que, operosos e metódicos, foram tornando-se independentes, desenvolvendo seus próprios sítios.

Que esse homem, cuja influência econômica e social registramos, se perpetue como fator do progresso entre os italianos que vieram para o Espírito Santo. Em 1910, estava paralítico e cego. Faleceu em 1911, aos 60 anos incompletos. Sua vida foi toda de trabalho e voltada ao bem dos que se lhe aproximavam

A emigração, na primeira metade do século XIX, estava limitada aos que podiam financiar a viagem, cujo valor total era aproximadamente de 33$415 réis. As despesas de viagem se exemplificam com as feitas em 1783, na cidade do Porto, com João Pereira, filho de Inácio Pereira, por seu compadre Domingos Lopes, no embarque para o Rio de Janeiro, no Navio Madre de Deus que saiu no dia 13 de Maio de 1783, na íntegra: "Para o Contra-Mestre, 24$000; uma caixa de madeira e fechadura, $870; vir com tudo, 3$220; dois queijos, $655; colmo $85 e sabão $35, tudo $120; serapilheira para o enxergão, $250; uma manta, 1$260; com barcos que conduziriam as caixas ao navio algumas vezes, $850; dinheiro dado ao João, para gastos, $600; três regueifas (pão de trigo), $210; duas macetas de marmelada, $280; meio cento de laranjas, $400; dois frascos, $180; vinho e aguardente para os encher, $395; seis lancetas, $310; com o galego para ir buscar a caixa e levá-la ao barco, $080; com despesas da caixa na Alfândega, $180.  Totalizando as despesas, 33$590 réis, sendo acrescidos à conta $175 réis de despesas, resultando 33$415 réis". (Doc. arquivo privado - museu)

Para entender-se a dimensão relativa desta importância, citamos como referência a "jorna" ou jeira", salário diário de um trabalhador rural no valor de $160 réis, sendo necessários cerca de 208 dias de trabalho para financiar tal viagem para o Brasil. Assim, considerando-se o custo de hoje, no mesmo contexto, por volta de 40 Euros/dia, o custo da viagem rondaria os  8.320 euros. Em razão disso se explica a emigração clandestina e a seletividade da emigração apenas aos que tinham capital disponível ou a possibilidade de recorrer ao crédito. Ao mesmo tempo, o capital social de que estes proprietários rurais dispunham em Portugal, muitas vezes era o bastante para o cumprimento das obrigações estabelecidas, além da seriedade, honra e palavra que davam sentido à forma como eram acolhidos e bem recebidos no Brasil. Estes valores eram inscritos em referências de legitimação social e familiar, tais como, o compadrio e o apadrinhamento, reforçados nos laços de parentesco, ainda que afastado, explicando-se, deste modo, muitos dos casamentos entre "primos".

Segundo o relato autobiográfico de Leite Lage, a viagem do Porto para o Rio de Janeiro , em 1827, demoraria cerca de 60 dias, incluindo os percalços decorrentes dos ataques dos corsários. As embarcações a vapor tinham apenas três classes. A terceira classe era destinada ao emigrante que fazia a primeira viagem. De 1920 em diante, muitos vapores ou paquetes, como eram designados, passaram a dispor de quatro classes: as três primeiras possuíam cabines e, a última era reservada aos emigrantes, onde vinham amontoados, em porões abafados, mal-iluminados, e geralmente superlotados, onde eram evidentes as más condições de higiene.

Muitas leis foram publicadas obrigando a que os vapores dispusessem de certas condições para as viagens. Contudo, raramente estas obrigações eram cumpridas pelos armadores e capitães de navio. Havia um comércio rentável desde o tempo do transporte de escravos, explorado por atravessadores que enriqueciam com as rotas que iniciaram na África e passaram mais tarde para a Europa. No final do século XIX, os principais portos de desembarque no Brasil eram os portos do Rio de Janeiro e o de Santos, no Estado de São Paulo e o de Vitória no Espírito Santo.

Os imigrantes que entravam pelo Rio de Janeiro eram alojados na Hospedaria da Ilha das Flores. Os que aportavam a Santos ficavam na cidade ou iam diretamente para os destinos, sendo na maior parte dos casos recebidos por parentes ou familiares que os acolhiam à chegada. Os que desembarcavam em Vitória, dirigiam-se a Itapemirim e dali acompanhavam as margens do Rio até o Rio Muqui e desbravavam os vales acidentados em lombo de burro onde formaram os primeiros povoados, ou mais tarde através da linha férrea inaugurada no começo do século XX.

 
 

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