Revelando os Brasis estimula a produção de vídeosemformatodigitalemlugarescommenos de 20 milhabitantes
Muqui, ao sul de Vitória, transforma ermitão das cavernasemheróilocal; exibições chegam a 60 localidadesaté 27 de julho
CÁSSIO STARLING CARLOS ENVIADOESPECIAL A MUQUI (ES)
NemPiratas do Caribe - No Fim do Mundonem Homem-Aranha 3 nem Shrek 3 . O personagem-herói quetodos queriam ver atende pelonome de Brilhantino. Pelomenos foi assim na noite da últimaquinta, na praçaprincipal da pequena Muqui (170 km ao sul de Vitória), quando retornou à origem o projeto Revelando os Brasis . Resultado de uma parceriaentre a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e o Instituto Marlim Azul, o programa estimula e viabiliza a produção, emcidadescomaté 20 milhabitantes, de vídeosemformatodigital. Diante de uma enormetela montada ao arlivre, milhares de habitantes da simpática Muqui se juntaram paraassistir a quatrotrabalhosfeitosporcineastasamadores e/ouestreantescapixabas. Brilhantino , o filme de abertura, dirigido por Ériton Berçaco, 27, estudante de pós-graduaçãoemestudosliterários nascido em Muqui, registra a rotina de João José Brilhantino, 74, que há mais de 30 anos vive em uma caverna na região. Desdecriançaeuvia o Brilhantino andando pelas ruas e enxergava nele um daqueles personagens de desenhoanimadoou de filmes de fantasia. Mas no documentárioeu quis mostrar o tanto de humanoque há portrás de uma figuraque a cidade enxerga comobizarro , explica o diretor. Com enquadramentos inusitados e o usocoerente da câmerabaixa, Berçaco agiganta seupersonagem, lançando-o numa dimensão mítica, a das históriaslocaisquetodapequenacidadeaindaguarda.
Tradições esquecidas Os outrosvídeos apresentados em Muqui também buscavam a idéia de resgatarhistóriasoutradiçõeslocaispouco conhecidas ou condenadas ao esquecimento. O Sonho de Loreno , dirigido por Alana Almondes, de Mantenópolis, registra a vontade de cinema na figura do cineastaamadorSeu Manoelzinho, dono de extensa filmografia feitaemvídeo e protagonizada poramigos e parentes. Bate-Paus , de Jorge Jacob, da cidade de VilaPavão, mostrasituações de ódioracial vividas pelacomunidade de imigrantes pomeranos e seusdescendentes na regiãocapixaba. E O ÚltimoTocador , de Valbert Vago, de SãoRoque do Canaã, conta a história de uminstrumento musical local, a concertina. Para os moradores de Muqui, a experiência teve forteteor simbólico. Primeiro, porque a cidade perdeu seuúnicocinema há mais de 30 anos. Depois, porque reencontrou o encanto da projeçãoemtelagrandecomumpersonagemquetodosali conhecem. Eunemgosto de verfilmes na TV, mas, desse jeitobonito e com uma história de gente de verdade, eu queria versempre , afirma a doméstica Maria Alexandrina Araújo. Achei emocionanteassistir ao lado de toda essa gente. Isso aproxima nossacomunidade , diz o operário de construçãocivilSanto Gomes Figueira.
Emjunho, SP Depois de Muqui, o projeto segue para outras 60 cidadesaté o dia 27 de julho. EmSão Paulo, as projeçõesserãofeitas nas cidades de São Luiz do Paraitinga, Monteiro Lobato e São Paulo nosdias 7, 9 e 11 de junho, respectivamente.
O crítico CÁSSIO STARLING CARLOS viajou a convite do Ministério da Cultura
Publicado em segunda-feira, 04 de junho de 2007
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